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MADONAS,

2008-2010a Página

Série Madonas

Óleo sobre tela, 2008-2012.

Madonas são uma série de pinturas nas quais é feita uma impressão no tecido por meio da repetição de um unico movimento. Trata-se de uma pintura mínima em diálogo com o icóne das Madonas. A ação de repetição do gesto para formaçào de um campo origina-se nas ladainhas presentes em inúmeras culturas assim como as cores escolhidas para cada tela em óleo fazem parte da liturgia cromática ligada à virgem e sua indumentária simbólica.

 

 

This is a series of paintings showing the impression on the material done by repetitions of a single movement. It is a minimal painting which dialogues with the Madonna icons. The repeated action to form a field originates in litanies evident in many cultures as are the colors chosen for each oil canvas are part of the chromatic liturgy of the virgin and her symbolic clothing.

 

José Bento Ferreira

As Madonas de Dália Rosenthal são imagens veladas, fulgurações do “incircunscritível”, como se diz sobre a imagem divina. Em vídeo, fotografia, desenho e pintura, a artista trabalha para levar cada meio ao limite, buscar o objeto específico que o ofusca.

Certa vez ela filmou e fotografou o mundo em movimento de dentro de um trem. Fez um vídeo no chapéu mexicano, o brinquedo temível dos parques de diversões. O vôo vertiginoso traduz-se no baixo contínuo do vento. Imagens se alternam, partilham do paroxismo, prestes a tocar algo que nunca alcançam. Como fixar uma imagem no devir incessante?

Agora ela mostra um políptico de fotos do “horizonte marinho”. Nada exuberante, assim como o registro em vídeo de um mergulho. Não se vê nada, não se trata de ver, mas de sentir a presença maciça do mar, muito mais do que os objetos contidos nele. Há um modo de representar a natureza que se propõe a nobre tarefa de documentário e flerta com a experiência estética. É no antípoda disso que se situam esses trabalhos.

Conhecemos o mundo através de imagens, mas até que ponto elas correspondem a uma experiência da realidade? As imagens de Dália Rosenthal por sua vez descrevem coisas que podemos fazer, ao contrário dos panoramas sobre vastidões por onde ninguém anda. Dessas ações ela extrai uma sensação de presença que a imagem naturalista desconhece e impede. 

Ao falar sobre seus desenhos cegos, a artista cita Un Saut dans le Vide e Symphonie Monotone do francês Yves Klein, pioneiro da performance. Ele dizia conhecer a Lua melhor do que a Nasa. Neil Armstrong ainda não havia dado o seu “pequeno passo”, era contra as imagens que falava Klein.

Um vídeo mostra a artista fazendo esses desenhos. Ela faz questão de desenhar “in natura”, mas sem ver o que seria o modelo. Vemos o que ela não vê, mas não vemos o que ela faz, pois também essas imagens são veladas. Então vemos que o vídeo é a imagem despretensiosa daquilo de que os desenhos são uma realização maior: o puro ato de estar presente.

 

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